O tempo amortece o furor da chibata da vida e anestesia os ombros calejados. Os homens tornam-se insensíveis e maus. Quando o bem se cala, o mal governa. Jamais se cale. Jamais se omita.
A fronte é a fonte das mais dolorosas torturas pelas quais se pode afligir a carne do homem. Seu proceder lhe faz parecer a vida tanto quanto o semear faz florescer os campos.
Toda obra, e também toda omissão, constrói de alguém sua própria imagem. Tanto a que tem para si quanto a que revela ao mundo. Se tudo que faz é vão, sua vida vã então se faz e assim segue.
A verdadeira prosperidade de alguém não está no que possui, mas no que constrói em si mesmo e no que partilha com o próximo. E como ninguém pode dar aquilo que não tem, somente aqueles que semeiam em si mesmos possuem o pão para oferecer aos demais.
Persistir, em meio ao caos. Prosseguir, mesmo sem direção. Discursar, ainda que sem plateia. Plantar, até sem nenhuma terra. As palavras vazias daquele que crê tornam-se então cheias pela própria fé que apresenta.
Ombros calejados, frontes atordoadas, chibatas cansadas e terra saturada. Nada é desafio para aquele que quer, ousa e faz. Sem plateia, o poeta declama sua obra, pois nela acredita e nela se compraz.
Não há tesouro, senão de tolo, para o que busca a glória e para o que almeja com suas obras colher louvores nessa vida. Mas para aquele que trabalha por seus próprios valores haverá verdadeira honra. E para o que declama, em exaltação às boas obras, palavras de sabedoria, haverá quem no universo escute seu discurso.
Mesmo a alma anestesiada pode ser tocada pela verdade. A esta, nem o tempo e nem o furor da vida e da morte podem resistir. O homem padece, mas a verdade permanece. Assim como os fruto da árvore a farão eterna por sua descendência, manifestada em ciclos de renascimento e morte.
Boas palavras e bons conselhos, assim como boas obras, hão de perdurar até quando os homens não puderem mais se lembrar de seus autores. Pois a árvore não é mais importante que sua semente.
O que deixamos para a posteridade é o que ecoa para a eternidade. O tempo amortece as chibatas, mas não apaga o eco das boa obras que se propagam como ondas, repetidas por novos poetas (boas terras) que as reverberam para sempre!
Façamos coro com as vozes que para sempre propagarão a verdade e o bem! A voz fraca de um homem honrado, mesmo que sozinho no deserto, tem mais valor que o discurso acalorado do tolo em um palanque, ao som dos aplausos esdrúxulos de uma multidão de doentes.
O valor de uma voz está na qualidade da mensagem que ela profere e não burburinho chulo que causa nas massas. As palavras mais necessárias costumam ser as menos desejadas. O palhaço fala para agradar a platéia boba que o assiste, mas o sábio para confortar as almas que padecem de fome e sede de justiça.
Pesado mas verdadeiro…
Obrigado pelo comentário Isa, grande abraço!
Sensacional, total sentido!
Obrigado Priscilla!
Abração pra ti!