Nunca é tarde para se descobrir coisas novas, não é? Na verdade, nem sequer existe o conceito de “tempo” quando o assunto incluí a palavra “descoberta”. É preciso aprender a viver com a própria vida, dar a cara à tapa, ter histórias pra contar, tentar, errar e errar de novo… mas nunca desistir!
Estou aprendendo a viver a vida e a construir histórias. Aprendendo que não existe o “feliz para sempre”, mas sim o “ser feliz”. E estou tentando!
No final de tudo, parece que há apenas dois tipos de pessoas. O primeiro tipo é daquelas pessoas que ao final da vida, com um lindo e maroto sorriso nos lábios, diz assim para você: Nossa, eu vivi muita coisa! E o segundo tipo é daquelas pessoas que no final da vida só tem lamentações e arrependimentos por tudo aquilo que não viveu.
Que tipo de pessoa eu quero ser? Tenho pensado muito nisso. Já “planejei” a minha vida tantas vezes que não posso contar. E de fato realizei muitas coisas que idealizei. Mas todas as vezes que fiz isso eu fiz cometendo um erro terrível: eu presumia que havia uma conclusão, uma continuidade a partir do ponto onde eu planejei chegar, a partir daquilo que eu almejei alcançar, como se toda a minha vida fosse se desenrolar dentro de um roteiro que eu mesmo escrevi.
Nem sei que nome eu dou a esse pensamento, a essa atitude tola, a essa forma de raciocinar tão pequena e mesquinha. Deus me perdoe por tal pensamento! E digo isso às gargalhadas! 🙂
Sempre fui muito imaturo para pensar, apesar de conhecer a imprevisibilidade da vida, que algum dos meus planos poderia se perpetuar. Já não é muito que alguns deles se realizem? A gente costuma querer demais e isso é hilário!
Não meus amigos, não é assim que funciona e não é assim que deve ser mesmo. E isso é muito bom! As coisas estão em constante mudança e os desafios se renovam a cada dia, nos oferecendo a oportunidade de fazer mais e de crescer! Esse é o verdadeiro motor da vida!
Eu devo planejar, lutar e alcançar coisas. Mas devo saber, acima de tudo, que qualquer dessas coisas alcançadas não me pertencem. Elas apenas me darão um vislumbre de sua presença por alguns momentos. Nada nos pertence, nada é eterno!
Os seus bens, o seu emprego, os seus amigos, a sua família, os seus filhos… Tudo é passageiro nessa vida, até as coisas que você considerar mais “sólidas”, até essas, podem se diluir quando você menos espera. Mas essa é a química da transmutação dos elementos. É o que transforma tudo e todos. É o que mantém a grande roda girando!
Seus bens envelhecerão, perderão valor, perderão utilidade. Seu emprego acabará, se tornará obsoleto, não atenderá mais suas expectativas, não precisará mais de você. Sua família pode ser separada por acontecimentos da vida, pode se diluir, as pessoas podem se afastar, você pode querer se afastar delas. Seus filhos irão crescer, construirão vidas próprias, desejarão alçar novos vôos longe de você – e você não pode se tornar uma âncora na vida deles, ok?
Não há nada eterno num mundo efêmero. Tudo aqui escoa como a água que você tenta reter em suas mãos. Não sofra por isso, apenas aceite. Não são perdas, mas transformações que ocorrem de forma natural e frequente ao longo da vida.
Eu tenho procurado me conscientizar de que eu não possuo nada nem ninguém. Se até um braço meu pode ser arrancado, do que é que posso dizer: isto realmente me pertence? Tudo o que está na minha vida é algo que me foi emprestado por alguns momentos. Então viverei estes momentos com gratidão e alegria, pois quando algo se for (e tudo se vai), me deixará lembranças gratas e agradáveis. Mas o que tento reter e possuir me enlouquece, me entorpece os sentidos e me tira a alegria e o momento que poderia ter aproveitado, mas perdi.
Assim são coisas, amores e valores. Assim são idéias e ideais. Assim são sentimentos e momentos. Enfim, tudo do que usufruímos por breves momentos em alguma oportunidade que a vida nos proporciona.
É preciso estar habituado a perder. Melhor, a lidar com o momento da partida de todas as coisas que graciosamente nos beijaram a face por um breve momento. O beijo foi um presente, o momento uma dádiva e a partida… bem, ela é tão natural quanto o beijo e a dádiva.
À vezes temos a terrível habilidade de transformar boas coisas em traumas e desilusões. Faz parte de nossa natureza possessiva. Mas a vida nos convida a aprender, a evoluir e a nos tornarmos mais do que isso.
Vamos viver nossas histórias, construindo nossa caminhada pedra por pedra, flor por flor e espinho por espinho. Aprendendo a apreciar a beleza de cada uma dessas coisas. Todas elas tem algo incrível a nos mostrar e nos tornaremos maiores se as enxergarmos.
Quero me tornar aquele tipo de pessoa que no final da vida dirá: nossa, quanta coisa eu vivi! Ao invés daquele outro tipo que se absteve de viver suas histórias por anos a fio, temendo o fracasso e a dor. Esperando o momento perfeito e adequado aos planos que traçou. Ansioso pela cor e forma adequadas ao retrato pintado pela própria imaginação. Preso a um vislumbre de idealidade, projeto e conceitos sonhados em um mundo particular e distante.
Quero mais da vida em sua própria essência: inconstante, imprevisível e transformadora como ela realmente é. Sem meus planos e projetos, minuciosamente detalhados em um desenho surreal e distante das coisas como elas realmente são.
Se parar para pensar por um segundo, verás que da vida de fato não se leva nem a vida que se leva. Realmente daqui não levamos nada! O que podemos fazer de melhor é viver o melhor da vida, da melhor forma que pudermos. Abrir mão dos projetos mesquinhos e dos planos minuciosamente arquitetados para, enfim, viver de fato.
Quando nos escondemos por detrás dos nossos medos, nos “preservamos” em nome da auto-defesa ou nos contentamos com as sombras por medo da luz… quando fugimos do calor do sol… não estamos nos protegendo de coisa alguma!
A dor, na verdade, está na vontade doentia de querer controlar e possuir coisas e pessoas. E a satisfação, a alegria e a felicidade em saber usufruir da presença dessas coisas e pessoas em nossas vidas, enquanto ainda estão presentes.
Quando entendemos o nosso lugar no mundo e aprendemos a compartilhar, aí começamos a trilhar um novo caminho que nos livrará de nossa cegueira, trará gratidão e nos permitirá sentir aquela coisa tão sonhada e que chamamos de felicidade.