Uma nova classe de pecados, os “pecados sociais”, vieram para nos separar e inspirar o ódio. Será que nossa fé e nosso potencial para evoluir poderá nos ajudar?
Realidade aumentada,
Sociedade polarizada.
Contemplo à frente mil almas armadas.
Nas mãos correntes e facas amoladas.
Nasci e cresci sem saber de nada,
Mas tudo em mim era a grande piada.
Cor, classe, credo… só conversa fiada!
Minha mente, inocente, sempre ludibriada.
Aqui e ali o conceito e a palavra errada.
Para definir um ser, uma alma apavorada.
Para definir “o que”, quando tudo enfim é nada!
São conceitos vis perpetuados por canalhas.
Sobre o que tens, de onde vens…
Seu parecer, seu proceder…
Julgam tua fé, como ela é,
Seu coração, sem dó nem perdão.
Se sou negro, sofro racismo.
Se estrangeiro, com xenofobismo.
Se cristão, nem todo mundo é irmão.
Se ateu, não tenho amor nem salvação.
Héteros sempre destilam ódio!
Homos sempre promíscuos, opóbrio!
Trans são aberrações, é óbvio!
Falácias, mentiras, preconceito: nosso ópio!
Homens unidos por honra e machismo.
Mulheres unidas por voz e feminismo.
LGBTs unidos contra preconceito e sexismo.
Todos peritos em ódio e achismo.
Lutar por direitos, o lema da vez!
Nessa guerra tola transborda altivez.
Fragmentados, viramos freguês,
Da dor, da solidão e do cruel “talvez”.
Talvez se juntássemos,
Talvez se suportássemos,
Talvez se tolerássemos,
Talvez se amássemos.
Em plena rede social,
Em meio a apelos por moral,
Fazemos o grande mal:
Nosso pecado social.
Enfim, o negro, hétero, cristão,
Não é diferente do branco, homo, seu irmão.
Se buscarmos, de fato, as reais diferenças,
Veremos que em tais não há razão para ofensas.
O que há de valor na vida?
É o que transcende critérios pobres.
Essa é nossa grande lida!
Buscar por valores nobres.
Abrir a mente a paz acolhe,
E seguir em frente com o que se escolhe,
É andar, é comer do que de bom se colhe.
A vida é viver como se deve e pode.
Eu nasci branco e pobre.
Outro negro e nobre.
Não vejo em nenhum azar ou sorte.
Há para todos, enfim, um norte!
O que me fiz é o que de mim eu quis.
Creio no que quero, sigo meu destino.
Mas de cada um é o direito de ser feliz.
Crendo no que quer, seguindo seu caminho.
Minha grande e absoluta verdade,
É no fundo obra da grande maldade,
De achar que aquela fé que me invade,
Devo impor a todos com fervor e habilidade.
O caminho do homem independe de gostos,
Não respeita conceitos, não contempla seus rostos.
Se tens tua verdade e nela há respeito e igualdade,
Então tires do peito o orgulho e a vaidade.
Cada um com seu caminho, seu valor, seu sorriso.
Cada um em seu tempo, convicção e alento.
Cada um uma opção, uma canção, um coração.
Cada um de nós, um alguém, um irmão.